Design, o ídolo do branding

Aloha!

Um projeto de branding vai muito além do design gráfico. Marina Willer, ex-diretora de criação da Wolff Olins e agora partner do Pentagram em Londres, diz: “o design gráfico é uma parte muito pequena no branding, diria até que superficial”. Jason Little, diretor de criação da Landor Associates em Paris, diz que “branding não é somente o design gráfico com um nome diferente”.  Não é apenas “o que” mas “como”.

Permita-me ser um pouco mais claro. Uma marca não vive apenas do visual, mas de boas ideias e boas obras. Entenda “boas obras” como ótimos produtos/serviços, atendimento impecável, preocupação com a comunidade onde está inserida, pós-venda, benefícios, o que ela permite que as pessoas possam fazer através dela e etc. Se continuassemos essa lista, começaríamos a chegar em atividades que exigem design gráfico, como embalagens, publicidade, internet, materiais impressos que irão com produtos, arquitetura, sinalização, exibição da marca em eventos e mais etc.

Note que essa segunda lista está condicionada a primeira. Um exemplo: atendimento impecável (dependendo da empresa e seu modelo de negócios) depende de website, da arquitetura de loja e da disposição dos produtos, da sinalização interna e até das embalagens. São duas listas pequenas, mas nelas podemos encontrar esses indícios de co-relação.

Logo, o design gráfico passa ser a “materialização visual” da plataforma de marca, que geralmente é o embrião de projetos de branding. Acredito que uma marca não é o que ela diz ser, mas é o que as pessoas dizem que ela é. Vejo o Design como um elemento que, no primeiro momento, ajuda a influenciar essa percepção do público, mas que não pode fazê-lo por si mesmo. Antes dele existe a experiência e é isso que transforma empresas em grandes marcas, relevantes e amadas. Veja o iPhone: um smartphone belíssimo e poderoso. Mas, o que seria dele sem seu sistema operacional ou mesmo sem a iTunes e App Store?

Com o perigo de ser redundante: o design gráfico pouco pode fazer sem o desenho de outros aspectos que formam a marca. Alguns chamariam parte disso de Design de Serviços. O pessoal da Eise Lab vai além e fala sobre o que enxergam como avatares:

O serviço é a razão pelas quais as coisas existem. O que as pessoas estão acostumadas a chamar de produtos são na verdade avatares, objetos, meios propagadores de serviços.

Mas não quero entrar nesse assunto (deixo pro Luis Alt escrever sobre isso). Meu intuito hoje é jogar fogo em nossos neurônios e pensar mais sobre como construimos marcas e sobre quais tipos de projetos que chamamos de branding. Vou mais além: pensar sobre o que entendemos por branding.

Quando o design gráfico é pensado para refletir quem a marca (de fato) é, se torna uma ferramenta poderosa para formar sua imagem. É uma síntese visual, um ídolo que representa tudo o que alguém admira e deseja. O designer e escritor Marty Neumeier tem uma visão interessante sobre marcas e suas manifestações visuais: ele diz que grandes marcas são caracterizadas, entre outras coisas, por uma forte preocupação com a estética.

Mas isso é assunto para outro dia. Termino esse texto com outra frase de Jason Little: “branding envolve toda uma infinidade de atividades, algumas das quais envolvem design de identidade e outras não.”

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Texto originalmente publicado na revista Computer Arts Projects #19. Atualizado e “turbinado” para o LOGOBR.


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Comentários

7 respostas para “Design, o ídolo do branding”

  1. Avatar de Gabriel Macohin
    Gabriel Macohin

    É isso ae designers, somos apenas parte de um processo muito maior!

  2. Avatar de Marcu's Freitas
    Marcu’s Freitas

    O design gráfico no branding é apenas a ponta do iceberg, mas é exatamente a ponta do iceberg que é vista primeiro. Pode não ser o mais importante, mas sinto-me honrado em saber que minha profissão também é valorizada nesse fantástico mundo chamado Branding.

  3. Avatar de Bruno

    Acho interessante levantar esse ponto. Acredito que para muitos designers branding é o mesmo que identidade visual, o que acaba deixando tudo muito superficial.
    Para mim branding chega a ser um tipo de administração, uma administração que é voltada pra exatamente o que você disse, fazer as pessoas verem a empresa do jeito que ela quer ser vista. É um processo que atua desde como o funcionário de menor cargo na empresa até os funcionários de maior poder devem se portar, como produtos devem se apresentar, como deve ser a comunicação, ou seja, como todos os lugares onde a marca se relaciona com alguém deve se apresentar.

  4. […] uma marca vai muito além suas manifestações visuais. O Design (Gráfico, de Produto e etc) são os ídolos do branding. Eles que são venerados, adorados, desejado, comprados. Vemos que o design gráfico para esse […]

  5. […] sério sua reinvenção, logo seria natural a renovação de sua representação visual da marca, seu ídolo. Se existe uma ruptura de cultura dentro da empresa, por que não sua marca mostrar tal […]

  6. […] Porque a estética reflete o DNA, o brandcore, a plataforma, a alma da marca. Como disse no texto Ídolo do Branding aqui no LOGOBR: o design gráfico é a “materialização visual” da plataforma de […]

  7. […] Mas o maior ídolo e representante disso ainda estava precisando da sua renovação: a marca Google. E quando digo “marca Google”, não me refiro apenas ao logotipo, mas a gestão da marca e a sua arquitetura. […]

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