Design para farmácias: Arce

Aloha!

Esse post terá dois propsósitos: 1- mostrar um projeto bacana, uma boa referência e 2- incitar o pensar em todos nós e iniciar uma boa discussão. 😀

Há algum tempo atrás, andando pelo centro de Campinas, comecei a reparar nos logotipos de farmácias e percebi o quanto eles eram parecidos. Desde então me perguntava se ainda veria design com paridade mas munido de diferenciação também.

Claro, não fui o único a reparar nisso e como prova já podemos ver projetos para farmácias com outras abordagens, como por exemplo, o que a Tátil e a Thymus Branding fizeram para a Droga Raia, trabalhando o posicionamento não somente com o logotipo, mas também com o design das lojas, fazendo com que o consumidor tenha uma experiência diferenciada com a marca em todo tempo, incluindo no atendimento (leia aqui o artigo do RaoBlog sobre o projeto).

Dei essa introdução para, também comentar sobre o projeto da Droga Raia, mas para mostrar o trabalho feito para a rede de farmácias Arce (Espanha) que achei fantástico. O trabalho foi desenvolvido pelo estúdio Demokratica, baseado em Elche, Espanha também.

Peço que deixem de lado um pouco o fato de ser um design feito para a Espanha e que lembremos somente que é um design feito para uma rede de farmácias, ok 😀

Muito bom o visual. Bem projetado, bem aplicado. Além desse look muito bacana, esse projeto me chama atenção porque tem alguma diferenciação dos demais. Seja pelas cores, pela tipografia ou pelas fachadas, vejo um design para farmácia que iria se destacar de tudo por aqui.

Gosto desse projeto porque na mesma hora que o vi, pude identificar uma farmácia e logo depois já tive a sensação de que eles oferecem algo diferente (pelo menos a sensação), talvez uma experiência, não sei. Mas garanto que iria lá pra ver.

Mostrando esse projeto e citando minha reação como consumidor (não sei a de vocês), inicio um questionamento: já reparou como o design para farmácias tem a mesma cara? Cruz vermelha (ou negativada no vermelho) e/ou azul, mais vermelho, caixa-alta e etc. Algo que não posso negar é que no fim das contas, tudo parece muito igual aos meus olhos (guardadas as proporções, é claro). Parece que todas falam a mesma coisa, fazem a mesma coisa, vendem a mesma coisa.

“Mas Daniel, você ta viajando na maionese. É claro que farmácias vendem as mesmas coisas.”

Exato! E qual o papel de uma marca (partindo do princípio que o logotipo é parte da marca)? É o de diferenciar, o de que criar valores a sua volta de ene maneiras, ganhando a confiança e preferência das pessoas. A marca tem o dever de ser tudo isso que faz com que eu compre aspirinas na famácia A ou invéz da B. O logotipo e a comunicação visual tem parte importante nisso e é ai que falo que (aos meus olhos) é tudo igual, falam o mesmo, não se destacam, não se difenciam.

Claro, tudo isso é uma visão muito pessoal e sem estudos de mercado, dados importantíssimos na elaboração de um projeto de marca. Mas quero perguntar a vocês:

O que acham disso tudo? Acham também que existe excesso de paridade e pouca diferenciação nas marcas de farmácias? Acham tudo isso uma grande baboseira e que esse post deveria apenas mostrar o projeto do Demokratica e pronto?

Por favor, compartilhem suas idéias. 🙂


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Comentários

23 respostas para “Design para farmácias: Arce”

  1. Avatar de João Gabriel

    Não acho viagem sua, muito pelo contrário, compartilho de sua opinião. Acredito que não é porque de uma empresa vender basicamente o mesmo produto, que é necessário todas terem a mesma cara, que é o que acontece com o mercado farmacêutico. Mas não acho que seja inteiramente culpa dos estúdios/agências responsáveis pela criação das marcas, mas também do cliente. Nesse tipo de comércio ainda por cima, que não apresenta grandes diferenças de marca para marca, o dono do negócio tem a tendência de querer sempre o mesmo “feijão com arroz”, com medo de seus clientes simplesmente não identificarem aquilo como uma farmácia!

    1. Avatar de Roni

      concordo com vc joão… mas acho que é responsabilidade dos estúdios/agencias oferecer algo além do feijão com arroz. Afinal o cliente não tem a necessidade de entender de branding… se entendesse não precisaria de designers…

      1. Avatar de Fernando Thomaz Esposito

        Porém, por ele ser leigo, muitas vezes faz exigências na premissa descrita previamente…

  2. Avatar de Victor Soares

    Bem, de certa forma discordo. Como no comentário a cima, o medo de os clientes não identificarem aquilo como uma fármacia é parte muito importante de um negócio.

    A não ser que a empresa faça uma campanha muito grande em cima de sua marca e dos serviços que oferece, pelo menos aqui no Brasil, a maior parte das pessoas não reconheceria a ARCE como uma farmácia.

    Não sou contra mudanças e inovações, na verdade, sou muito a favor, mas em algumas situações, alguns segmentos de mercado possuem uma identidade geral e algumas vezes é necessário se manter nessa identidade geral para que a empresa possa ser reconhecida como oferecedora de determinado serviço. Mas isso não impede que não haja inovação dentro de uma identidade geral, um bom exemplo, é a Droga Raia.

  3. Avatar de Michel Farah
    Michel Farah

    acredito que o grande motivo de todas essas marcas terem a mesma cara é o medo que seus empresários têm de arriscar algo diferente. é a visão fechada de quem é leigo neste universo.

    deste modo, cabe ao designer usar argumentos que possam vir a persuadir os proprietários a sair do padrão e se diferenciarem através de seu universo visual. neste quesito, aqui no brasil a única que se diferencia das demais é a onofre, que não chega a ser uma concorrente direta das farmácias por essência.

  4. Avatar de Barbara Luiza Maia
    Barbara Luiza Maia

    Excelente post!
    Também concordo que deve haver uma preocupação com a diferenciação no setor farmacêutico. Como em qualquer setor. Tá aí uma área muito interessante e pouco explorada. É papel do designer mostrar ao cliente o valor da mudança. E isso é um duro exercício às vezes.

  5. Avatar de Wilson Cesar

    Bem interessante essa discussão. Trata-se de um segmento repleto de clichês, cujo principal objetivo básico é o de sinalizar. Aliás, objetivo inicial de uma marca. Hoje as farmácias são mais do que simples estabelecimentos onde o cliente entra e sai apenas com a sua aspirina, vitaminas C e uma embalagem de pastilhas valda. Tornou-se uma loja de conveniências. Tem de tudo ali. Acredito que isso é uma indicação definitiva de que a hora de investir na diferenciação do visual e na abordagem das vendas chegou.
    Abraços

  6. Avatar de gustavo nering

    concordo que deve haver uma diferenciação e acredito que cabe ao designer investir nisso, nem que seja de uma forma sutil e aos poucos (pois afinal todas as grandes marcas são construídas).

    além da droga raia (que na minha opinião, apesar de diferente, é meio apagadinha, não aparece muito), existe a Nissei (http://www.drogariasnissei.com.br/) que é do paraná e atua principalmente pela região de curitiba.

    eles não tem uma linguagem visual legal, mas conseguem se destacar como uma farmácia diferente, mais barata, que atende até mais tarde e que não vende só remédio (algumas lojas são quase uma loja de conviniências).

  7. Avatar de Roger Ranger
    Roger Ranger

    Designer tem lingua bem afiada, por que não começa a mostras as inovações que cada um contribuiu para algum setor, publique o portifolio aqui e mostra qual foi a grande idéia fora da caixa e apresente os resultados.

  8. Avatar de tony

    Acredito que nem sempre a marca precisa ser diferenciadora por si, mas porta-voz daquele conjunto de diferenciações e valores que o Daniel citou. Marcas como Sony, Coca e Apple, visualmente, nada tem de diferenciais. Mas são os valores, produtos e serviços que carregam, a promessa que cumprem, que as tornam singulares e preferenciais. Um projeto visualmente lindo sem suporte de mercado [branding, comunicação, mkt, etc] é só um projeto lindo.

    Em Curitiba até existem marcas distintas [que mantem o clichê da cruz mas fugiram de vermelho e branco, apegando-se ao verde da cultura local; Além da Nissei que o Gustavo citou há a Minerva e a ForteFarma, com “algo diferente” visualmente], mas a experiencia de consumo é a mesma. Não se pensa um pdv melhor simplesmente pela velha mania de “se isso dá certo, não precisamos mexer”.

    Vale lembrar também que em diversos casos essas marcas “só chegam” as agencias e estúdios depois de consolidadas, e não no seu inicio. Por isso a paridade. E é um mercado que, mesmo vasto, é “iniciante” em comunicação e relacionamento. Há 15 anos atrás o pessoal dos supermercados pensavam assim. Com a “invasão” das marcas estrangeiras, houve o amadurecimento.

    No Brasil, o caminho iniciado pela Droga Raia vai virar cultura a partir do momento que o retorno seja visivel ao bolso dos concorrentes. As marcas não mudarão tanto, e por fora ainda teremos a “cara de farmácia”. Mas dentro, cada marca pode repensar a experiencia de consumo e fluxo [o que aliás, serve para boa parte das categorias de varejo].

    E como ainda está “em cima do muro” a questão da função das farmacias [há praticamente 1 guerra entre Anvisa, grandes varejistas e redes de farmacias quanto a venda ou não de alimentos], não existe a cultura de [re]pensar a farmacia como “uma loja de conveniencias E remédios”. Quem souber aproveitar isso, tá feito.

    Conteúdo excelente, como sempre!

  9. Avatar de skyisfalling

    Daniel, aqui no Recife está chegando uma rede de farmácias que começou no Pará e agora está se expandindo. Além desses dois estados, estão no Maranhão e no Piauí.

    O nome de rede é Big Ben e dá pra ver no site deles (http://www.farmaciasbigben.com.br/) que, apesar de um slogan muito ridículo, ela vai por uma linha beeeem diferente do que a gente costuma ver.

    1 – A marca não busca esses elementos “de farmácia”: não tem cruz, remédio, comprimido, etc. E o melhor: não tenta fazer do elemento (big ben) uma cruz, um remédio ou um comprimido. É o famoso relógio e pronto. A marca em si, achei bem feia, mas só pela idéia ser diferente, já merece uma citação ou até mesmo um estudo maior dos motivos dela ser assim.

    2 – A ‘identidade’ visual da loja também vai pela diferenciação… todas elas tem uma ‘réplica’ (se é que posso chamar assim) do Big Ben na fachada. A réplica é dourada, o resto da fachada é prateada. Nada de outro mundo, esteticamente, mas foge do azul/vermelho/verde claro.

    Aqui no Recife ainda temos uma outra chamada Farmácia Guararapes, que se utiliza de uma Borboleta (ver: http://www1.informazione.com.br/cms/export/sites/default/cartello_site/cartello/mobile/imagens/farmacias_gr.jpg) na marca. Mesmo como designer, a primeira vez que vi, pensei “O que diabos tem uma borboleta com remédio/saúde?”. Então, fica o pensamento: é válido, não foge demais, pode prejudicar?

    O novo é legal, mas acho que a paridade também tem sua utilidade. Num exemplo tosco e rasteiro, imagino-me na Finlândia desesperado pra comprar um remédio para uma dor qualquer. Muito provavelmente passaria pela Big Ben finladesa sem notar ser uma farmácia, enquanto, numa Droga Raia, por exemplo, já entraria de cara e já tentaria uma mímica qualquer pra comprar o remédio.

  10. Avatar de Fabio Sevá

    Muito legal o post! As farmácias sempre foram extremamente conservadoras com suas linguagens visuais. Não sei se por medo dos empresários, ou por falta de capacidade dos profissionais em provocar a mudança… nao vem ao caso agora. Mas o fato é que em muitas delas, os remédios já não são mais a principal atividade.

    A Onofre (http://www.onofre.com.br) e a Drogaria Iporanga (http://www.iporanga.com.br/) são bons exemplos de redes que adequaram suas identidades à essa nova realidade.

    Outra que fez um trabalho legal que acaba de ser lançado é a Drogaria Iguatemi: http://ow.ly/2akaj

    Abs!

  11. Avatar de Gerhard Schlee
    Gerhard Schlee

    Momento Pentelho:

    Olhem para a última imagem do posts, a foto com a marca aplicada numa pasta e num porta-cartão de visita (eu acho)

    Dêem uma olhada na interação, no espaço entre o símbolo e o “A” do logotipo, e no tom de verde utilizado, que difere do verde das imagens anteriores. Tosco, não? Seriam estudos da marca, enquanto esta estava em desenvolvimento, ou chinelagem mesmo?

    1. Avatar de Fabio Sevá

      nao sei se é chinelagem não… está me parecendo que o verde está impresso sobre um material transparente que compoe com o texto ARCE quando a pasta está fechada.

      Dá para ver que a capa fechada está fora do “registro”. E esse mesmo deslocamento coincide com o da cor verde. Não parece?

      1. Avatar de Gerhard Schlee
        Gerhard Schlee

        Putz, pela imagem não dá pra ter certeza… Mas é uma boa teoria, a tua! ehehheehe

    2. Avatar de Daniel Cotrim
      Daniel Cotrim

      Não tem como saber pois a imagem postada aqui está em RGB e ainda pode ter passado por algum tipo de tratamento de brilho / contraste. para saber isso só com o material impresso nas mãos.

    3. Avatar de Ronilson Marques
      Ronilson Marques

      Oha isso tá parecendo mais uma pasta de por documentos na cor branca, sendo que à sua superfície tem é um pouco rugosa, já em relação a cor, com certeza ouve algum tipo de erro na sua escala pantone, não consultaram o manual da marca antes de fazer tal trabalho..

  12. Avatar de Ronilson Marques
    Ronilson Marques

    Concordo plenamente, acho que o maior motivo de todas as logos de farmácia terem a mesma cara é o medo de passar despercebidas no mercado, sendo que a visão desses comerciante ainda não estão voltada para o mundo do marketing que vivemos hoje.
    Apesar de não concordar com as vários forma de aplicação da marca como a (arce farmácia)

  13. […] para farmácias e mostrei um projeto muit bacana feito na Espanha. Na mesma pegada desse artigo (quem não leu, só clicar!) mostro pra vocês um projeto da Ptarmark para um […]

  14. Avatar de ramiro simch

    aqui no Rio Grande do Sul existe a Agafarma, que se reposicionou visualmente há pouco tempo. http://www.agafarma.com.br/

    na aba Rede Agafarma > Posicionamento ainda é possível ver a fachada antiga. já era diferente do comum, tinha personalidade própria. a atualização recente preservou a linguagem amarela e o coração.

  15. Avatar de Rodrigo Rocha Saiani

    Uma informação bem importante para a interpretação do projeto é que na Espanha todas as farmácias (ou a maioria delas) usa o verde como cor base. O nosso vermelho aqui é o verde lá, por isso eles também não se diferenciaram tanto (ou não se despiram daquilo que é familiar para os clientes).

    A necessidade de não “confundir” o cliente, faz com que os designers e os clientes não mudem radicalmente a abordagem dentro de um mesmo nicho de mercado. Isso também acontece na web, onde muitas vezes é melhor fazer algo que o usuário já está acostumado (como uma navegação horizontal) vs. uma navegação ultra inovadora mas que pode confundir o cliente.

  16. Avatar de Heloisa Micheloni
    Heloisa Micheloni

    Preciso mudar a fachada da minha farmácia e para isso gostaria de uma ajuda profissional. Onde possa encontrar essa ajuda?

  17. Avatar de Felipe Ramos
    Felipe Ramos

    Achei lindo e muito ousado. Mas não sei se gostaria de comprar remédio em uma farmácia com status de grife. Não precisa ser tudo igual, mas acho que passou da conta.

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