Novo logo Yahoo: um mal necessário, um grid desnecessário

PARTE 1

Aloha!

Há muito anos, numa das várias vezes que quebrei um dos braços, ao estar esperando para colocar gesso lembro de ver pela primeira vez uma matéria sobre um jovem empreendedor, CEO de uma empresa que valia 6000% a mais do que quatro anos antes, onde sua importância era comparada a Henry Ford e Bill Gates.

Tratava-se de Jerry Yang (e David Filo), fundadores do ‘catalogador’ e indexador de páginas na internet Yahoo!, um dos sobreviventes do estouro da bolha da internet no ano 2000 e que começava a enfrentar a fusão de TimeWarner e AOL. Na época até se especulou que o Yahoo compraria a Disney! Apesar de alguns erros em informações dadas, vale a pena ler a matéria. Só clicar na imagem e ir até a página 114.

Bem, mais de 13 anos se passaram desde que saiu essa matéria, e o Yahoo! passou de inovador e relevante a “um dos concorrentes do Google”. Encurtando a história: os fundadores sairam da direção da empresa, entrou uma nova CEO que não conseguiu fazer o que se esperava, até que em julho de 2012 eles contratam Marissa Mayer, tirando a moça do Google e a colocando para liderar o Yahoo!. Desde então, em pouco mais de 14 meses na direção, Marissa tem realizado uma grande revolução na empresa: encerrou uma dúzia de empresas/serviços que não davam lucro ou não eram relevantes para o futuro da empresa, comandou pessoalmente a compra de 21 startups (entre elas o Tumblr) e devolveu o orgulho de seus funcionários. Além disso, está comandando o redesenho de serviços e apps da empresa, buscando transformar o Y! numa empresa móvel. E a dona Mayer já mostrou todo seu “googísmo” no novo Yahoo! Mail.

E no meio disso tudo era quase que certa uma mudança no logotipo da empresa, visto que ele permaneceu quase intocável por mais de 17 anos e que não combinava/comunicava os novos ares, principalmente com seus novos apps para smartphones. Ainda mais sendo uma demanda de usuário (veremos isso mais abaixo). E de fato, o redesign veio no dia 4 de setembro/13.

• O aposentado logo dos anos 90 •

E antes de mostrar o novo logotipo, durante 29 dias eles mostraram 29 estudos que, provavelmente, foram produzidos durante o processo de redesenho.

E não apenas isso, no dia do lançamento eles divulgaram um vídeo mostrando o “craft behind our new logo”.

E antes que você diga: sim o logotipo está escrito em Optima. Editada e escalopada. E sim, está cheio de problemas esse lettering. O pessoal do Fonts In Use fez um ótimo e curto texto sobre esses problemas.

O trabalho foi feito “em um final de semana”, pela própria Marissa Mayer, Bob Stohner e alguns assistentes.

E é isso.

Opinião

O logotipo poderia ser melhor, muito melhor. Contudo, representa de forma infinitamente melhor o momento do Yahoo do que o antigo. Era necessária essa mudança/atualização, e ela veio. Não da melhor forma possível, mas veio. Do males, é menos pior. Apenas pense no novo Yahoo! Mail com aquele logo “90’s of David Carson”? Não dá.

Não vejo o Design Gráfico como um fim em si mesmo, mas como uma ferramenta de negócios e gestão de marca. Acredito, hoje, que podemos ver, pensar, trabalhar e analisar o Design de três formas:

1) Sob o ponto de vista artístico/técnico;
2) Sob o ponto de vista dos negócios;
3) Sob o ponto de vista “artísco-negócios”.

Esse meu comentário é um pouco com o olhar 3: o logo não é tão bonito, sofre de problemas técnicos, mas está anos-luz a frente do antigo, que o Fast Co.Design genialmente chama de “clown logo”; comunica melhor o novo momento da empresa e própria empresa em si (de alta tecnologia, não um rancho de férias no oeste estadunidense) e se integra melhor as novas interfaces do Yahoo!. Funciona.

Como disse, poderia ser melhor. Poderia, talvez, ser mais ousado se levarmos em consideração os 29 dias de espera e a ansiedade que aquilo criou. Poderia ser um logo que tiraria nosso fôlego e nos daria aquele sentimento de “como queria ter feito isso”. Não é. Mas mesmo assim não deixa de ter seus méritos e de cumprir seu papel. Ainda mais se levarmos em consideração que ele foi feito num final de semana e com direção da CEO da companhia.

Conclusão

Tirando a forçação de barra do vídeo, a falta de conhecimento de colocar as letras dentro de um grid, do espacejamento duvidoso de AHOO e das letras O gigantescas, gosto do logo. Sério! No fim das contas, ele é simpático, tem algum mérito. Por que digo isso? Porque minha base de comparação está sendo o antigo logo. Seria bem difícil ficar pior.

Também gosto da decisão de colocar volume no lettering (gosto da decisão, não da execução). Por que? Bem, quando todos estão ficando flat, incluindo o próprio Google e seu logo, o Yahoo! vai lá e fica volumoso. Ousado!

Manteve alguns traços da origem. Continua com um ar excêntrico e divertido sem ser banal. Aliás, falando sobre diversão: a cada dia, o ponto de exclamação trará uma nova animação, algo como o Google faz com seus doodles.

Gosto sempre de dizer que um logotipo “não faz verão sozinho”. Olhem os novos apps, redesign do sites, Yahoo! Mail. Existe um ecossistema sendo construido em torno desse logotipo. E analisando o todo, é uma ótima evolução.

Entretanto, tenho comentários sob o ponto de vista 1. Evidentemente que não é só porque o logo funciona e é melhor que seu antecessor que não podemos/devemos falar sobre problemas técnicos, sobre processo e sobre alguns outros detalhes que, não apenas o Yahoo!, mas muitos de nós estamos fazendo para “justificar” nossos trabalhos.

PARTE 2

O novo logo: olhar técnico

Antes de revelar seu novo logotipo, o Yahoo! anunciou uma espécie de pré-lançamento: durante 29 dias mostrou diferentes versões do logo da empresa até que no 30º foi revelado o novo logo. Confesso que achei interessante a iniciativa, visto que redesigns de marcas mundiais tendem a ser difíceis de ser aceitos, ainda mais nos tempos de internet, na qual todas as vozes podem ser ouvidas. A Gap que o diga. Logo, diminuir esse impacto foi talvez o maior trunfo dessa estratégia. Além disso, ela entregou algumas das decisões sobre o design que o Yahoo! tomou: ainda um logo tipográfico, ainda utilizando o púrpura como cor e a presença do ponto de exclamação.

É interessante observar que segundo palavras do vice presidente de Brand Creative do Yahoo!, Bob Stohner, ao site Fast Co. Design, apesar da nova estratégia de condução da empresa que Marissa Mayer colocou pra funcionar, principalmente com o foco no mobile e no redesign de seus apps e serviços, não estava previsto um redesign do velho logo. Isso mudou, ainda segundo Stohner, depois que eles receberam feedbacks dizendo que o logo não combinava mais com o design dos novos apps. E como disse o Co.Design, “quando seus usuários dizem que tua marca não bate com seus produtos/serviços, é hora de mudar.”

Foi o que o Yahoo! fez. Não faço ideia de quantos emails eles receberam falando sobre isso, mas deve ter sido o suficiente para mobilizar a CEO da companhia para buscar uma solução.

O único serviço do Yahoo! que uso é o Email, ainda assim redirecionando tudo para outra conta. Mas é interessante ver que enquanto não houve esses ventos de mudança na empresa, com nova abordagem de seus serviços mobile, principalmente sob o ponto de vista do design e interfaces, ninguém falou sobre o logotipo da empresa. Ela era ruim, mas ninguém comentava. Ninguém se importava. A partir do momento que a companhia reage e melhora sua oferta, passa haver uma discrepância entre a experiência do usuário com o ídolo da marca, seu logotipo.

Quem disse que somente pequenas empresas tem problemas de comunicação com suas marcas, não é mesmo?

Então com a decisão de reformar o logotipo, Marissa Mayer e Bob Stohner começaram a se mexer. Elegeu-se alguns pontos que o novo logotipo deveria responder (que vocês podem ver no blog da Marissa Mayer), e um deles me chamou muito a atenção:

Queríamos que houvesse uma consistência matemática para o logotipo, realmente puxando-o para uma marca coerente.

E, ao meu ver, é aqui que começam o problemas técnicos do logotipo do Yahoo!.

Em 2012 tive o prazer de fazer um curso sobre tipografia com Fabio Haag em SP, onde ele disse a mais célebre frase daqueles dias enquanto falava sobre compensação óptica para as letras: na tipografia o óptico é mais importante do que a matemática. E isso acontece simplesmente porque nossos olhos são extremamente sacanas com a gente.

Por conta disso a tipografia é cheia de compensações que matematicamente estão erradas, mas que ao olho humano se tornam corretas. Falei um pouco disso no meu artigo sobre o redesign da identidade visual da Nivea, até mostrando alguns exemplos.

E muitos designers (muitos mesmo), desconhecem isso. Pior: pensam que tudo ‘deve estar milimetricamente alinhado’, e ai me colocam as letras da fonte dentro de linhas, percebem que muita coisa matematicamente não bate e saem editando tudo.

E o problema nem está no editar, está em editar errado. E foi exatamente o que o pessoal do Yahoo! fez: pegaram a Optima e ‘”buscando por consistência matemática para o logotipo”...

“Aqui está o modelo do que fizemos, chamando um pouco do que era cool/matemático.” Marissa Mayer

A falácia do grid

Procurar por “consistência matemática” em uma tipografia é tão errado que não dá pra acreditar que ninguém lá dentro falou isso pra ela. Ritmo, harmonia, consistência na formação de logotipos são feitos exatamente através da compensação óptica, que é uma quebra matemática.

Mas se não bastasse, Marissa ainda encomenda um vídeo com seu estagiário para mostrar o “craft behind our new logo”. Tanto essa frase como o vídeo, sugerem que as letras foram desenhadas, o que é, no mínimo, má fé. Caramba, o logotipo é todo baseado na Optima, as duas letras O não sofrerem nenhuma alteração. E ai você cria um vídeo dando a entender que o desenho disso é seu? Pior: chama isso de craft, que no inglês indica uma atividade que envolve a habilidade de fazer coisas com a mão.

Vídeo, textos, crafts e principalmente grids. Tudo uma tentativa de justificar as decisões de design no trabalho. Mais que isso, uma tentativa de trazer uma percepção de “trabalho duro” para o resultado. E a grande desgraça disso tudo é que, por ser uma estratégia usada por uma grande empresa, isso valida de alguma forma esse tipo de comportamento, tão comum entre designers.

O fato de se ter um logo somente tipográfico, não é demérito nenhum. Ao menos não deveria. O trabalho de uma equipe de design ao desenhar a identidade visual de uma marca vai muito além do logotipo. Se trata de uma identidade, de um sistema composto por vários atores. O papel de uma equipe de design, ou mesmo de um único designer, é de entender um contexto, uma problemática muito maior e de sugerir uma ou varias soluções, seja ela um símbolo com desenho extremamente elaborado ou um nome escrito em Comic Sans!

Se sou contra o uso de grids/malhas construtivas? Claro que não!

Farei o mesmo comentário que já fiz outras vezes: é um processo, as vezes necessário, as vezes não tão necessário. Alguns designers não conseguem trabalhar sem a malha construtiva; outros se sentem presos. A questão não é o uso do grid em si, mas da tentativa de usá-lo em favor da apresentação do trabalho, buscando algum status com isso ou mesmo tentando vender a ideia (seja para o cliente ou para o mercado) de você se esforçou muito para desenhar aquilo.

No caso do Yahoo!, o que aparenta é exatamente isso: mostram que não foi simplesmente uma escolha pela Optima e pronto, mas que foi a Optima e um processo monstruoso e extremamente doloroso de redesenho total, usando toda a inteligência matemática (!) da equipe de design pra isso.

Dá para entender esse tipo de comportamento, pois quem de nós nunca ouviu o famoso “mas é só isso” no momento de apresentar algo? Contudo, não dá para aceitar.

Devemos usar o exemplo do Yahoo! para combater esse tipo de comportamento. O trabalho da equipe de design não pode ser simplesmente desenhar. Eles tem que entender do negócio, ajudar o cliente na condução da marca, na busca por encontrar seus reais valores, refletir seu posicionamento em outras frentes que não seja a identidade. E, principalmente, trazer o cliente para esse processo. Trabalharem juntos na busca da melhor solução (posso ser queimado em praça pública, durante um N Design, ao dizer isso).

Até porque, o cliente não contrata você apenas pela sua criatividade, ele contrata sua capacidade de análise, sua capacidade de entendimento, de síntese, de atendimento, de conhecimento e, principalmente, de resposta.

Se a solução é o nome em Helvetica, seu trabalho não é colocar a Helvetica dentro de um monte de linhas e círculos, mas é de guiar seu cliente pelo seu processo de análise e tomada de decisão para que ele entenda o porquê do nome escrito em Helvetica ser a solução. Se ele concorda ou não, é outra história. E se não concordar, provavelmente ele terá porquês para isso. E, se você souber conduzir a conversa e estiver ali comprometido com a marca do seu cliente e não com sua vaidade (e claro, o cliente também), vocês decidirão o que for melhor para o projeto, qua até pode ser buscar por novas alternativas. Mas tudo com direcionamento. Ou seja, buscar novas alternativas mas sabendo quais são essas alternativas, e não por trabalho especulativo, algo que também sou contra.

Enfim… o que acham disso tudo? Comentários abertos 🙂


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Comentários

25 respostas para “Novo logo Yahoo: um mal necessário, um grid desnecessário”

  1. Avatar de Gláuber Sampaio

    Excelente texto Daniel. 🙂

  2. Avatar de Dario Joffily

    Excelente, só confirma minha paixão pelos seus textos e opiniões, Daniel. Creio que a maneira como você organiza sua crítica sob esses três diferentes ponto de vista são sempre muito benéficos pra entender a produção de design.

    Sobre o caso em si, para mim, o pior de tudo é o má exemplo que o Yahoo pode dar na maneira de gerir projetos assim. Um fim de semana, com a presença da CEO, a “má-fé” em relação ao termo craft, o grid, enfim. Creio que seja mesmo um case bastante duvidoso pro design gráfico, mas muito relevante pro estudo de branding.

    1. Avatar de Daniel Campos
      Daniel Campos

      Dario,
      Como vai queridão? Espero que muito bem.
      Que isso cara. Pra mim é um prazer conseguir cooperar com o pensar do nosso mercado, só isso. É mais que o suficiente 🙂

      Sobre o caso em si: não vejo problema em o CEO de uma empresa se envolver diretamente no redesign de uma marca. Pelo contrário! Trabalhar com grande corporações é difícil pois o trabalho sempre tem que passar por inúmeras hierarquias até chegar ao CEO, e isso é um baita problema. O deslize da Marissa foi ser mais do que a principal pessoa representante do Yahoo! nesse trabalho, foi tomar a frente do trabalho. Minha visão bem pessoal, é claro. O que acha?

    2. Avatar de Dario Joffily

      Olá Daniel, tudo certo por aqui, e você? E pode ter certeza, você e o LogoBR como um todo contribuem, e muito, pro pensar do mercado! E, sim, concordo! Quão mais próximo o CEO estiver do processo, melhor. Acho que foi num podcast do TalkNow, creio que até com sua participação, que foi reforçado como um processo de branding de verdade só vai pra frente se liderado pelo CEO. A crítica que faço é a maneira como parece que ela fez parte do processo, não aprovando, opinando ou incrementando o trabalho do designer, e sim, definindo e optando ela mesma por questões técnicas. Claro que isso é uma visão externa do processo, não dá pra saber exatamente se ele se deu dessa maneira, mas a impressão, que o resultado técnico dá, é essa. Ou que o designer realmente conhecia muito pouco de tipografia, o que é possível, e igualmente triste.

  3. Avatar de Dario Joffily

    Olá Daniel, tudo certo por aqui, e você? E pode ter certeza, você e o LogoBR como um todo contribuem, e muito, pro pensar do mercado!

    E, sim, concordo! Quão mais próximo o CEO estiver do processo, melhor. Acho que foi num podcast do TalkNow, creio que até com sua participação, que foi reforçado como um processo de branding de verdade só vai pra frente se liderado pelo CEO. A crítica que faço é a maneira como parece que ela fez parte do processo, não aprovando, opinando ou incrementando o trabalho do designer, e sim, definindo e optando ela mesma por questões técnicas. Claro que isso é uma visão externa do processo, não dá pra saber exatamente se ele se deu dessa maneira, mas a impressão, que o resultado técnico dá, é essa. Ou que o designer realmente conhecia muito pouco de tipografia, o que é possível, e igualmente triste.

  4. Avatar de gustavo
    gustavo

    Bom, em minha opinão esse caso mostra um ‘processo’ falho.
    De acordo com o que já li, conheci estudei e falei com amigos – Não é assim que se faz!
    Uma marca não pode ser (re)construída num final de semana, deve haver um planejamento, uma promessa de marca, um posicionamento, uma linguagem, uma expressão de marca (que você citou nos novos app’s – mas esses novos app’s não podem orientar a linguagem da marca deve ser o oposto).
    Mas como o amigo disse ali em cima você manda bem, foi político, rs, mas manda bem.
    Abs

  5. Avatar de Guilherme Schneider Denzin

    Daniel, ótimo o texto, sério não poderia adicionar ou remover uma palavra do que disse. É exatamente a minha opinião.

    Continue trazendo conteúdo de qualidade pra web do design Brasileiro! Abraco!

  6. Avatar de Lincoln Rodrigues
    Lincoln Rodrigues

    O tempo dissipado na aplicação do grid e na “defesa” da disposição/alinhamento dos elementos da tipografia, seria muito melhor empregado no desenvolvimento do conceito. Homem/hora mal aproveitado. Não sei se acontece com vocês, mas o grid me auxilia, até bastante no final do processo – após parir a marca – e não como cordão umbilical.

  7. Avatar de daniel justi

    Grande Dani! Parabéns por mais um belo texto!
    O que tenho a somar, é uma reflexão que guia minha própria forma de trabalhar: é preciso partir de uma ideia contextualizada ao problema, para então buscar uma solução.
    Quando o ponto de partida é estético, o processo torna-se vazio.
    Afirmar, logo de saída, que a tal ‘consistência matemática’ é a fórmula para se alcançar uma ‘marca consistente’, diz muito sobre o resultado final.
    Pouca reflexão, muita diretriz – pouca ideia, muita opinião.

  8. Avatar de Marcelo Barros

    Daniel, parabéns pelo post!

    Não só pelo assunto tratado, mas muito pela forma como você conduziu seu raciocínio. Ficou claro e direto.

    Quanto ao “objeto” da discussão (o grid), tenho notado (na minha humilde opinião) que a disseminação de malhas ou diagramas de construção em diversos portfolios de estúdios e profissionais de design a fora, tem ajudado a provocar esse tipo de sensação de necessidade de “canonização” da construção de uma marca gráfica.

    Eu mesmo já me peguei cobrando a utilização dessa ferramenta num projeto que não o pedia por completo. Que ao faze-lo eu estava retirando do logo, a sua espontaneidade e seu ótimo resultado gráfico. Já vi colegas desdenhando de projetos alheios, justamente por não terem “desenhado de verdade” o logo, ou babando num grid MEGA complexo e inatingível.

    Apesar disso, acredito que tudo é um processo de aprendizado. Inclusive para o Yahoo! ou qualquer outro projeto de desenvolvimento de marca. A maturidade alcançada no decorrer da carreira profissional, poderá (ou não) mostrar a necessidade e o entendimento de se equalisar matemática e olhar humano.

    Valeuzão, cara!

    Abraços

  9. Avatar de Celina Faz

    Particulamente mudar uma logo para se modernizar é a mesma coisa de fazer plástica para tirar as rugas! Eu sei que o nosso trabalho é criar e inovar, mas marcas que tem a sua logo como principal cartão de visitas podem ser ajustadas, mas não totalemnte recalchutadas como essa!

  10. Avatar de karina lopes

    Adorei! o que eu mais velho sao justificativas falhas de ficar mostrando um monte de linhas aleatórias.. inclusive vejo designers fazendo essas malhas todas depois! colocando bolas, traços que não tem base.. e cliente caindo fácil nesse papo.. foi o q aconteceu agora, mas com uma empresa grande.. hahahahaha excelente texto. muito alem de mimimis de designer “ah, não gostei’ e nem sabem explicar pq. eu acho que cumpre a proposta..

    beijos,

  11. Avatar de André Ito
    André Ito

    Olá, Daniel!
    Tudo beleza?

    Bom, é a primeira vez que eu comento aqui, apesar de já ter lido muitos posts aqui no LogoBR e aprendido muito.
    A impressão que eu tenho do logo é que realmente, combinou muito com o novo momento do Yahoo!, principalmente na parte visual. Porém, perdeu um pouco do conceito, da filosofia que a empresa carregou durante anos. O logo anterior estava muito ultrapassado, era muito fazendeiro, texano. Mas esse logo ficou muito leve comparando com o anterior, deveriam ter chegado a um meio termo. Pelo menos ter dado mais destaque ao ponto de exclamação.
    A impressão que dá é que realmente, a CEO ditou as regras e o designer apenas vetorizou o logo. Com esse resultado final, eu não consigo imaginar um trabalho de um designer, com brainstorms, rafes e muita cafeína.
    Mas essa é apenas a minha opinião, ninguém sabe o que realmente aconteceu durante o processo. Eu só acho que ao invés de eles fazerem 30 logos, eles deveriam ter se dedicado em cima de apenas um projeto e ter feito um trabalho espantoso, digno de Yahoo!.

    Abraços e até a próxima.

  12. Avatar de Heitor Lima

    O que acho disso? Você tem que dar palestras, cara. Se já não dá, hehe. Concordo muito com praticamente tudo o que disse. Qual seu e-mail?? Queria te mandar uma sugestão. Obrigado pelo texto!

    1. Avatar de Daniel Campos
      Daniel Campos

      Falai Heitor, como está?
      Que isso cara, a gente ta aqui pra aprender juntos. Mas obrigado pelas gentis palavras.

      Palestro sim! Em novembro estarei em João Pessoa durante o Experimenta Design. Se puder estar por lá, será um prazer te conhecer 🙂

      Me escreve sim: daniel[AT]logobr.org

    2. Avatar de André Ito
      André Ito

      Hahaha!
      E ae cara!
      Eu não dou palestras não, sou apenas um estudante ainda.
      Segue abaixo o meu e-mail:

      andreito89@yahoo.com.br

      Abraços!

  13. Avatar de André Aguiar

    Certa vez um colega designer, ao ver uma marca que eu tinha criado, me falou:

    “Tenho dificuldades em criar marcas assim, despojadas, sem grid”.

    Naquele momento me senti constrangido e achei que teria que rever a maioria das marcas que já havia criado e colocá-las num grid. Comecei o trabalho, puxa aqui, achata ali, aumenta lá…. vi que não ia rolar, a marca começou a mudar e estava perdendo em espontaneidade. Fiquei um tempo só criando marcas em grids e até tentando inserir o type em grids. Meu trabalho começou a ficar “chato”, muito matemático, muito calculo, pouca expressão.

    Hoje tenho uma certa preocupação sim com proporções, se opticamente está bem, mas me livrei um pouco da “culpa” de não ter grid em tudo que faço. Ao ler esse post, fico ainda mais aliviado e concordo plenamente que não devemos “matematizar” excessivamente o visual das marcas, pois elas acabam ficando muito chatas, pouco expressivas e às vezes com um discurso muito parecido.

  14. Avatar de Marcus
    Marcus

    Eu adoro a marca antiga.
    Pelo jeito sou o único, hehe.

  15. Avatar de Renato
    Renato

    Parabéns pela clareza e sensatez expostas no texto.
    Excelente.

  16. Avatar de Cezar
    Cezar

    Um dos melhores textos que li nos últimos meses na web!

  17. […] uma logo em Optima retorcida dentro de um grid. Além de uma dupla visão estratégica e técnica, o LogoBR discute também essa questão do grid, uma discussão a ser muito bem complementada com esse texto do Guilherme Sebastiany sobre malhas […]

  18. Avatar de richard maick

    Eu tb prefiro o antigo que e bem melhor

  19. […] Processo com começo, meio e um fim bem definido. Ou seja, o contrário de tudo o que Yahoo! fez. […]

  20. Avatar de Adriano Mendes
    Adriano Mendes

    Oi Daniel,
    Gosto muito dos seus textos, você sempre muito cuidadoso nas informações. Coloquei o LOGOBR com os favoritos aqui nas minhas fontes de estudos! Parabéns

  21. Avatar de Isaac Di Penn (Zack)
    Isaac Di Penn (Zack)

    Achei feio
    é muito Bauhaus certinho, e vamos combinar que público de Yahoo não é assim, a marca não corresponde ao seus usuários
    Sei que há um monte de questões técnicas involvidas no processo de elaboração da marca mas não acho que a minha geração por exemplo que é a geração “MTV” que estão totalmente acostumados a desconstrução de grids tem um pouco de angústia de olhar essa marca “despojada”.

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