Uma visão do Design

Design Estratégico, Design Gráfico, Design de Embalagem, Design de Produto, Design Thinking, Design de Interação, Design Research, Design de Serviços, Design Management … Design Etc Etc Etc.

Escrever um post falando sobre as diversas áreas e abordagens do Design não é tarefa fácil. Fazer isso sem provocar ou ter alguém que discorde completamente de minha opinião muito menos. De todas formas, esse não é meu objetivo e acho válido expôr aos leitores do blog minha visão de como tudo isso se entrelaça, alinhar conhecimentos e iniciar discussões para, a partir disso, começar a escrever específicamente sobre Design Estratégico, Design Thinking e Design de Serviços. O objetivo desse post é exatamente entender as diferenças entre eles sem desmerecer nenhum tipo de design, mas sim partindo do ponto de vista que todos são extremamente importantes. Gostaria então de preencher os espaços deixados em branco no meu último post e falar rapidamente sobre cada um deles.

Design Estratégico

Trata-se da área de atuação (ou momento) em que se tomam as decisões prévias a qualquer implementação de projeto. O design estratégico não pode ser considerado uma disciplina em si, mas sim a utilização de uma abordagem para questões estratégicas, que antecedem a implementação. Por isso, quero deixar bem claro que não estou dizendo que disciplinas tradicionais de design como gráfico, produto e embalagem, por exemplo, não envolvam aspectos estratégicos. O que estou colocando é uma nova forma de ver a atividade de design, separada em uma instância de definição de diretrizes para os projetos, e outra de execução desse planejamento.

Design Tático-Operacional

Por mais discriminante que possa parecer, vejo a grande maioria das diversas disciplinas de design no Brasil atuando apenas neste pequeno espaço. O design como forma e função … estética. Trata-se daquela velha utilização do (processo de) design apenas para a criação de uma casquinha bonita e, algumas vezes a partir daí criar algum impacto estratégico, se é que isso ainda é possível no momento em que o projeto já se encontra. A verdade é que um projeto onde o design começa nessa instância, dá pouca força ou autonomia para que os profissionais possam mudar algo na estratégia. E se o faz, isso infelizmente acaba acontecendo sem todo o embasamento necessário.

Design Thinking

Provavelmente o mais comentado, mal falado e pouco compreendido de todos, eu não colocaria o Design Thinking como uma disciplina concorrente mas sim uma abordagem (para qualquer coisa.) Trata-se de uma outra forma de fazer e muito mais do que isso, de uma ampliação das fronteiras tradicionais do design, levando o “pensar” com empatia, colaboração e experimentação a projetos em contextos mais complexos e que acabam tendo aplicações extramamente variadas. Falarei bastante sobre esse assunto nos próximos posts.

Design Management

Muito confundido com o Design Estratégico, a verdade é que o “Design Management” ou simplesmente Gestão do Design é o que o termo diz. Claro que envolve estratégia, mas também envolve operação. Tradicionalmente, a disciplina teve seu início para suprir as necessidades das empresas de ter alguém responsável por todo o processo de design internamente. O objetivo, simples assim, é se certificar que as estratégias do negócio sejam traduzidas e materializadas com a utilização do design e que, internamente, a empresa entenda e construa em cima desse valor agregado da abordagem do design. Resumindo, gestão de design só existe para garantir que exista um diálogo entre essas duas partes que não costumam se entender, fazendo com que projetos permaneçam dentro de sua estratégia e sejam efetivamente implementados com sucesso.

Para finalizar, acredito que é importante colocar antes de qualquer outro post meu, minha maneira de ver cada forma de atuação, mais do que cada disciplina, pois vemos em nossas aulas e palestras muitas pessoas sem entender muito bem quais as diferenças entre design thinking, design estratégico e design management, por exemplo. Particularmente não sou muito fã de ficar tentando definir as coisas, acredito muito no poder da semântica, mas vejo nesse post um importante começo para tudo que tenho a escrever daqui para a frente.


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Comentários

16 respostas para “Uma visão do Design”

  1. Avatar de carol Hoffmann

    Excelente postagem!! 🙂
    Parabéns como sempre…

    Abraços,
    Carol Hoffmann
    …………………………………………
    http://www.amenidadesdodesign.com
    http://www.twitter.com/carolHoffmann

  2. Avatar de Renan Castro

    Ai sim temos um ponto de partida.
    E que inicie a conversa!

  3. Avatar de Marcos Defini
    Marcos Defini

    que pensamento autoritário!
    é fácil reconhecer todas as formas do design (que são muitas e diferentes) como a mesma coisa, ou coisas de essência comum. aí chega um burguês maldito que diz que aquela uma disciplina, que é coincidentemente especialidade dele, tem a missão divina de coordenar todas as outras. é claro que isso é autoritário, estabelece uma hierarquia, o seu conhecimento é mais precioso que o conhecimento dos outros, é mais essencial. então não me venha com demagogias, com esse discurso devidamente reservado de erros, dizendo que “O objetivo desse post é exatamente entender as diferenças entre eles sem desmerecer nenhum tipo de design”. isso ou é uma mentira descarada ou uma inocência (burrice) muito grande.
    esse foi exatamente o discurso que, lá no século 19, começou a separar o trabalho físico do intelectual, alienou o trabalhador, acentuou as diferenças de classes e contribuiu para toda a merda do que é o capitalismo hoje. vem com essa conversinha mole, pois saiba que isso não é novidade, muito menos (mas muito menos mesmo, infinitamente menos) nada parecido com inovação. isso é escrotice, conversinha fiada, justificadora de diferenças e de hierarquias e legitimadora de poder autoritário, coisa que existe há séculos.

  4. Avatar de Marcos Defini
    Marcos Defini

    e ainda vem com moderação nos comentários, que ótimo, que libertário

  5. Avatar de Odair Faléco
    Odair Faléco

    Muito bom o post. Linguagem clara e simples. Me deixou com mais vontade de fazer o workshop de design thinking! Nao vou perder o proximo.

  6. Avatar de Helder Teixeira Rodrigues

    Gostei do post Luís!

    Ficou bastante claro e bem ilustrado.

    Há pouco tempo eu acompanho este blog e já o uso como uma das minhas home pages de leitura obrigatória.

    Eu também estou estudando formas de aliar a estratégia, a tática e a operação no design gráfico, além de outras matérias como Ética, Direito, Contratos, etc.

    A LogoBR se interessaria por novos artigos?

    Forte abraço,

    Helder
    Arte1

  7. Avatar de Tales Dantas
    Tales Dantas

    Acho que devo concordar com o Marcos Defini. Já assisti a uma meia dúzia de palestras onde o palestrante tratava o “design thinking” como se este fosse para o design, o que a filosofia é para o resto das ciências. Confesso que devo ser muito burro, pois até agora entendi muito pouco do que todos que falam em Design Thinking, tentam dizer. Imaginemos uma situação: A dona de casa está pensando no que fará para o almoço. Confere o que tem na geladeira, na despensa e lembra o que já foi preparado no dia anterior. Seguindo a linha de raciocínio apresentada acima, isso não seria mais “culinária”. Seria “Culinária Estratégica”. A “Culinária Tático-Operacional” seria o momento em que a dona-de-casa prepara o almoço. A “Culinária Management” seria o momento depois do almoço, em que a dona-de-casa separa as sobras que vão para o lixo, as sobras que serão guardadas, os pratos e talheres que serão lavados, a mesa que será limpa, a verificação da satisfação de todos os que comeram, etc. A “Culinária Thinking” seria uma experimentação maluca onde a dona-de-casa testa se a lasanha pode ser feita com peixe, se o sorvete da sobremesa pode ter o gosto de cerveja, etc. Ok, ok,se compararmos assim, talvez fique fácil de entender suas definições para o design. Só não concordo que haja essa distinção. Design é design do começo ao fim. Ninguém é designer só para ser estratégico, só para pensar em soluções e depois não colocar a mão na massa. Nem ninguém é designer só para executar tarefas, planejadas por outra pessoa. Um bom projeto de design só é inteiro se tiver começo, meio e fim. Não pode ser subdividido assim. O que eu acho é que os marketeiros de plantão, gestores, administradores e consultores de empresas e intelectuais frustrados (por não saberem projetar nada usando um lápis e um papel), estão querendo dividir com a gente o título de “designer” e por isso criaram essa coisa que mistura marketing, administração de empresas, organização&método e relações humanas e puseram-lhe o nome de “Design Thinking”. Ser designer é muito mais que isso. Transformar, projetar produtos, criar soluções para mídias on-line e off-line, aplicar conceitos de gestalt, ergonomia e sustentabilidade, e ainda com uma estética que seja atraente aos consumidores… Tenta dizer pra uma dona-de-casa que o que ela faz é “culinária tático-operacional” e o que o “chef” do bistrô faz é “Culinária Thinking”…

  8. Avatar de luisAlt

    Olá a todos e obrigado pelos comentários. Responderei as críticas ao meu texto, as quais respeito, enquanto os ataques pessoais opto por ignorar. Tenho certeza que cada um aqui tem a sua forma de pensar e o que coloco aqui, mais do que uma proposta de reconfiguração, é uma constatação minha da realidade. Trata-se da minha forma de ver a atual prática do design.

    Retomando o exemplo culinário utilizado anteriormente, discordo respeitosamente da visão míope proposta. “Culinária Thinking”, mais do que uma experimentação maluca e testes de ingredientes internos, seria um mergulho nas pessoas da sala de jantar e equipe da cozinha, pois são elas que irão comer a comida ou a preparar – motivo suficiente para que as entendamos e depois criemos algo com o que está disponível na geladeira. Acredito até que esse é o grande problema das abordagens tradicionais: as empresas estão cozinhando com os ingredientes que lhe são disponíveis ou estão procurando novos ingredientes por serem apenas novos – sem saber quem está na sala de jantar comendo ou, muitas vezes, assumindo como essas pessoas são sem realmente conhecê-las. É como preparar um prato para somente depois de pronto e anunciado no menu dá-lo aos usuários.

    Tampouco vou entrar em detalhes sobre “Culinária Management” ou “Culinária Estratégica” pois estou vendo que minha resposta já está se tornando um outro post. Convido, no entanto, a todos os interessados que vejam o trabalho sendo desenvolvido pelo Design Management Institute, organizaço que existe desde a década de 70. Alguns designers precisam entender a realidade mais ampla de atuação da palavra DESIGN – que deixou de estar associada apenas a projetos gráficos ou de produto – e também aprender a aceitar as pessoas que vem de fora. Um bom artigo que recomendo é do meu sócio Tennyson, que saiu recentemente no próprio portal do DMI.

    Peço a todos que acompanhem meus posts daqui para a frente para que entendam esse ponto de vista que aqui defendo e discordem dele caso queiram. Mais importante do que ter sua própria opinião é saber respeitar a dos demais, mesmo algumas vezes discordando dela. O conhecimento só é construído a partir de questionamentos e todas as críticas serão sempre bem-vindas.

    Um abraço,

    Luis Alt.

    ps. Tales, não me encaixo em nenhuma de suas definições de profissionais frustrados. Muito pelo contrário, já fui inclusive finalista de concursos internacionais de design de produtos, como o da renomada marca MUJI. Apenas vejo que posso fazer ainda mais diferença atuando com Design de Serviços e isso é o que me move e me faz feliz.

  9. Avatar de Fabio

    Ótima abordagem Luis.
    Acho que o design thinking veio para mostrar que design é mais que estética, tem estudo, tem fundamento e pode sim fazer parte dos negócios, basta sabermos sair do nosso mundinho né? 🙂

    Parabéns mais uma vez.
    abs
    Fabio

  10. Avatar de Malu Melo
    Malu Melo

    Parabéns Luiz! Ótimo post e ótima resposta. Os pensamentos diversos são realmente sempre bem vindos… Mas confesso que me entristece ver designers que não conseguem pensar além, que não conseguem entender a grandiosidade de suas profissões e a quantidade de caminhos que estão se abrindo com essa nova metodologia.

  11. Avatar de Wilber
    Wilber

    Gosto dos assuntos postados nesse blog e principalmente quando eles levantam esses questionamentos.

    Fazer essa divisão de Design Thinking, Design Management e todos os outros, não seria realmente oque foi citado acima sobre os marketeiros?

    Onde existe o pessoal do atendimento, planejamento e criação?
    Sendo que desde sempre, entendi que o designer faz o design do início ao fim como ja foi dito.

    Parece algo como a divisão da cadeia operacional de uma fábrica. Tempos modernos – Charlie Charplin.

  12. Avatar de Sérgio Monteiro

    Comentários ácidos como esses mostram que ainda existem muitos designers egocêntricos que acham que tudo gira em torno deles. O que vejo nesses comentários é um certo medo do pensamento descentralizador do Design Thinking, onde o projeto é realizado pensando nas pessoas que serão afetadas e não em benefício da auto-estima de uma ou duas pessoas.

    Abraço a todos e parabéns Luis.

  13. Avatar de Paulinho Falaster

    Eaí Luiz.
    Bom, acredito que a divisão é importante para organizar o estudo. Então teu post foi bem claro. Porém,acredito que um plano linear na máquina moderna é quase impossível, precisamos ter um plano que mistura as áreas e não as separas, onde a pontos de encontros no qual a ida e volta. Vejo que assim que acontece enquanto o designer está realizando o seu trabalho, até mesmo uma operação ele está sendo estratégico, ele deve pensar estratégicamente. Um illustrador por exemplo é altamente técnico porém ele através do papel consegue colocar a melhor forma de transmitir a mensagem, e essa forma é estratégica ao apagar uma linha ao exprimir um tipo de traço, ele pensa. O design que pensa deve ser mutável.

  14. Avatar de Ivan Lucchini
    Ivan Lucchini

    O artigo é polêmico justamente porque visa clarear um assunto que a maioria dos “entendidos” fala, fala mas deixa aquele bololô indecifrável no ar que cada um entende de acordo com sua conveniência. Toda síntese é mutiladora e vulnerável, mas acho que o Luis conseguiu com coerência, ao meu ver pouco contestável, elucidar os termos.

    Compartilho com a visão dos que afirmam que DESIGN ESTRATÉGICO se concentra mais em soluções que respondam a pergunta “O que fazer?”, enquanto o DESIGN OPERACIONAL responde “Como fazer?”, tangibilizando a solução. Um levanta, o outro corta, mas os dois estão no mesmo time!

    Como no esquema do Luis, o DESIGN THINKING atua como ponte entre as duas áreas, pois é um processo que considera inicialmente o que é desejável para o consumidor, o que é viável financeiramente, até o que é praticável tecnicamente. Utiliza, por exemplo, a prototipagem rápida como ferramenta para pensar e para concretizar, o que, no meu modo de ver, é exemplo claro da união dos dois universos.

    Por fim o DESIGN MANAGEMENT gerencia todo fluxo, garantindo que os resultados estejam alinhados e coerente com as intenções empresariais e as necessidades e expectativas do consumidor/usuário e tornando o processo o mais fluido dentro da cultura da empresa.

    Enfim, as áreas do processo são interdependentes e ganham com equipes multi-disciplinares. Portanto, no post não há oportunismo, hierarquia ou juízo de valor, que fica por conta, aí sim, na maldade da interpretação e na ignorância de gente que ainda não entendeu a “nova” dinâmica do design.

    Abs!

  15. Avatar de Marina
    Marina

    Design Management é Gestão de Design, diferente de Gestão do Design!

  16. Avatar de Natanaele Bilmaia

    Muito bom! Abordagem bastante esclarecedora.

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